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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O desespero de uma "mãe".


Não costumo andar de ônibus. É perigoso! Já sofri um assalto que me traumatizou, desde então prefiro dirigir, porém quando da necessidade tenho que me locomover por um coletivo.

Seguia minha viagem de volta para casa, depois de mais um dia estressante da minha rotina. Pensando sobre a vida, minhas dificuldades, meus interesses. Até que surge uma mulher, com uma criança no colo e grita a seguinte frase:

- ME AJUDA PELO AMOR DE DEUS!

-Quié isso! Foi a minha reação de susto e desespero.

Até completar sua ideia:

- minha filha esteve internada em estado grave e eu não tenho dinheiro pra comprar os remédios que o médico prescreveu. Gente, me ajuda! Nem que seja com R$ 0,10.

Confesso que me partiu o coração. Ver uma mulher com uma criança no colo se expondo daquela maneira é no mínimo humilhante. Coloquei-me no lugar da pequena criança e imaginei a minha mãe na situação daquela mulher.

- Caramba! Que situação!

Cada vez que aquela mulher falava mais eu tinha vontade de ajudar. Foi quando me veio os pensamentos:

-Se a filha dela esteve doente e internada e acabou de receber alta por quê não deixou ela em casa? Será que essa mulher não consegue arrumar um emprego ou quem sabe achar uma maneira de se sustentar? Coitada! Ela não teve as mesmas oportunidades que eu tive!

Vivi uma briga dentro de mim, enquanto ela se expunha ao desespero.

A ação dela logo causaria reações nos passageiros com o silêncio da viagem interrompida pelo suplício da vida:

- Ah... Essa mulher ta querendo arrancar dinheiro dos outros. Manda ela trabalhar!

- agora você ver, usar uma criança pra pedir dinheiro na rua.

- hoje em dia não dá mais pra confiar em ninguém, muito 171 por aí!

Em contrapartida, a caridade se manifestava e ela recolhia os frutos da bondade alheia:

- Ah... Se eu pudesse ajudaria todo mundo.

- Só sendo mãe pra saber o que esta moça está sentindo.

- Fico com lagrimas nos olhos só de pensar no caso.

A divergência de opiniões me colocava às mãos cada vez mais nós, e me sentia de mão atadas com pés descalços, com você meu mundo andava de pernas pro ar. - Para Franklin! Esse aqui é um post sério. – Mas eu não!

Algumas pessoas davam dinheiro com sentimento de dever cumprido e outras fuzilavam com olhar de ódio aquelas que davam como se estivessem dizendo:

- Mais um trouxa!

Quem tinha razão? Em quem confiar? E, se ela estivesse falando a verdade? Seria mais uma pessoa que faz filho a la vanté ou apenas uma atitude de desespero de uma mãe?

Eu só peço uma coisa:

- Me ajuda pelo amor de Deus!

6 comentários:

  1. É realmente uma situação muito difícil de julgar. Eu normalmente não dou, se vejo que a pessoa é sadia, e tem condições pra trabalhar.

    Mas lembro que um dia desses eu tava com tanta pressa, do tipo tinha uma reunião marcada e estava atrasada pra chegar, eu corria como uma louca e aí um velhinho, bem magrinho, desdentado, assim demonstrando fraqueza, me pediu um dinheiro e eu disse que não tinha tempo. Sabe que aquilo me roeu por dentro durante dias. A imagem daquele velhinho não me saia da cabeça.

    Já outros casos eu dou, outros não dou e sigo em frente sem culpas, com exceção desse caso. Acho que ajo por intuição nesses casos...

    Beijocas

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  2. Gostei do seu blog, a forma como vc expõem o cotidiano.
    Estou tentando aprender a blogar, por isso fico visitando vários blogs para pegar a manha. Se quiser conhecer o meu falo de Controvérsias, piadas, ciência e muito mais. http://tobeornotestar.blogspot.com/

    Um abraço do Macaco.

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  3. Eu já sou mais direta, talvez fria e não deixo que esse desespero de "ajudo ou não ajudo?" me consuma assim. É simples e prático: nunca dou grana pra essas pessoas.
    É, pode parecer muito leviano da minha parte, mas esse negócio de pedir dinheiro por aí nunca me convenceu. Se a pessoa realmente está desesperada, pode ir a um órgão público, programa do Wagner Montes, Gugu, sei lá! Compra 1 caixa de halls e vende por 50 cents. Enfim.
    Pra vc, pra nós, pedir $ é humilhante, mas pra eles não. E digo mais: eles se aprimoram e vêm com novas técnicas pra pegar o money alheio. Nesse momento vale tudo: gritar "pelo amor de D'us", dizer que os 5 filhos estão com fome, chorar copiosamente...
    É, mermão, a situação tá difícil pra todos... quem quer sobreviver tem que trabalhar ou se especializar na arte dramatúrgica...

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  4. Um dia eu estava parado em um sinal de trânsito na 28 de setembro. Vi um garoto sem camisa, no máximo 7 anos de idade. Fiquei observando ele passava de carro em carro dizendo "Tio tem 10 centavos?" quando chegou ao meu carro antes dele falar eu disse "Tio tem 10 centavos?" o menino me olhou me deu uma moeda e foi para o próximo carro. Fui atrás dele e dei um real. O ponto é muitas vezes essas crianças nem sabem o que estão fazendo ali. E só nós podemos tirá-las de lá. Não dando dinheiro. Assim essas crianças ganham mais estudando, pois receberão uma dessas Bolsas alguma coisa do governo.

    Um Abraço do Macaco.

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  5. Eu 99% das vezes não dou dinheiro na rua, pois sei que isso estimula. Já cansei de precisar de uma faxineira, empregada, ajudante não consegui ninguém.

    Se uma pessoa quer, ela não precisa se expor assim, fato é que tem muita gente vagabunda e que sabe que é mais fácil e mais rentável pedir do que trabalhar com horário e compromisso...

    Enfim, muitas pessoas que dão dinheiro é para tentar livrar a sua propria consciência.

    Abçs e assunto muito bom!

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  6. Bom, eu faço o que acho certo. Se na hora tivesse vontade de ajudar , ajudaria sem pensar se ela era ou não 171.
    Caso fosse mais uma " espertalhona" , o problema seria dela e não meu. Problema de consciêcia de cada um.
    E cá pra nós, não é humilhante demais fazer o que ela fez ?
    Pela cena , já merecia uns trocados.
    Beijos e valeu pela visita.
    Volte sempre !!!

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